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Nos últimos dez anos, o setor brasileito de startups tornou-se o mais sólido da América Latina, com um número crescente de empresas, investidores e casos de sucesso.
No entanto, essa expansão não foi acompanhada de um item considerado fundamental para o sucesso dos negócios em longo prazo, a governança corporativa.
Um estudo realizado pela consultoria Better Governance mostra que enquanto 60,1% das startups dizem estar nas fases mais avançadas de amadurecimento do negócio, 17,6% nos estágios mais maduros e, a maioria (82,4%) ainda se encontra nas etapas iniciais.
“Existe um descompasso. É como um adolescente que tem um estirão e cresce da noite para o dia, mas ainda tropeça. A falta de governança aumenta o risco de uma startup entrar no vale da morte”, diz a sócia-fundadora da Better Governance, Sandra Guerra.
De acordo com outro estudo feito pela Fundação Dom Cabral, a taxa de mortalidade é alta entre as startups. Uma em quatro companhias novatas acabam no primeiro ano de vida, e metade não ultrapassa o quarto ano.
Os investimentos em startups no Brasil atingiram valor recorde de US$ 9,6 bilhões no ano passado, com aumento de 165% em relação a 2020.
A projeção para 2022 é de expansão de pelo menos 20%, chegando a algo em torno de US$ 11,6 bilhões a US$ 12,9 bilhões, segundo o diretor da Better Governance, com base em dados da plataforma Distrito, Nelson Azevedo.
Os investimentos em startups no Brasil atingiram valor recorde de US$ 9,6 bilhões no ano passado, com aumento de 165% em relação a 2020. Para 2022, a projeção é de expansão de pelo menos 20%, chegando a algo em torno de US$ 11,6 bilhões a US$ 12,9 bilhões, diz o diretor da Better Governance, com base em dados da plataforma Distrito, Nelson Azevedo.
Além disso, Azevedo também afirma que os investidores estão mais exigentes na seleção das startups. A época do "spray and pray”, em português “espalhe e reze”, em que os fundos de capital de risco pulverizavam os recursos e esperavam pacientemente pelos resultados, “rezando” para que fossem positivos, chegou ao fim.
Com a crise desencadeada pela Covid-19 e o cenário econômico desfavorável, marcado pela inflação e os juros altos, as startups estão tendo de mostrar mais solidez para atrair a atenção do investidor, cujos critérios de avaliação também se sofisticaram à medida que os cheques ficavam mais cheios.
É nesse cenário, ressalta Azevedo, que um sistema de governança bem-estruturado pode fazer muita diferença para as startups.
Em vez de raridades como “unicórnios” e “decacórnios” — startups cujo valor de mercado ultrapassam US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões antes mesmo de chegar à bolsa —, os fundos estão interessados, agora, em identificar “camelos”, diz Azevedo.
São companhias que não crescem tão depressa, mas apresentam evolução constante e são resistentes às adversidades.
O modelo de maturidade em governança proposto pela Better Governance leva em consideração os critérios para pequenas e médias empresas da Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), que está ligada ao Banco Mundial.
São seis dimensões de governança classificadas por quatro estágios de maturidade. Os resultados são, então, comparados às quatro fases de desenvolvimento de startups estabelecidas pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBCG).
O maior descompasso está na área de ambiente de controle — que avalia a estrutura de controle financeiro, contábil e estratégico — e no campo de divulgação e transparência das informações financeiras.
No primeiro caso, 66,4% das empresas ainda estão no estágio inicial de maturidade. Isso reflete a fragilidade das startups em práticas como auditoria (com 80,5% das companhias no estágio básico) e gestão de risco (47,7%).
Em relação à transparência, não chega a 14% a fatia das empresas em estágio desenvolvido ou avançado. Quando existe, o trabalho de fazer auditoria da prestação de contas fica restrito aos fundadores, sem maior visibilidade para os demais “stakeholders”.
A preocupação com ESG ocupa um bloco intermediário de atenção. Cerca de 71% das companhias dizem estar avançadas em questões relacionadas à formalização do como atos societários, estatutos, negócios e contratos sociais.
Mas itens como sustentabilidade e implantação de órgãos de governança (como conselhos) só ocupam status semelhantes em 20% e 15% das startups, respectivamente.
O mesmo ocorre com tomada de decisão e monitoramento estratégico. Quase 46% das companhias estão nas fases mais maduras das políticas de remuneração, por exemplo, mas pouquíssimas se mostram preparadas para a sucessão de seus executivos: 86,5% ainda engatinham nesse quesito.
“Sucessão não é um tabu só nas startups; é um problema em qualquer empresa”, diz Guerra. No caso das companhias novatas isso é agravado porque, em negócios recentes, o CEO ou empreendedor contratado tem mais dificuldade para considerar sua própria obsolescência e reconhecer quando o negócio pede outro perfil de gestor.
A recomendação, no entanto, é considerar um plano de sucessão mesmo que não seja para efetivá-lo em curto prazo, afirma a sócia da Better Company.
Assim, no campo das startups é preciso estar preparado para mudar a qualquer momento.
Com informações do Valor Econômico
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